Wednesday, July 24, 2013

Dando o ar da graça.

Apenas esclarecendo que: eu não tenho fixação pela idéia de progresso. Não sou particularmente afeita a modernidades. Não preciso viver em uma área extremamente urbana para ser feliz. Não me importo com essa idéia de conforto bastante difundida que prega que infraestrutura, luzes e design futuristas são essenciais para uma vida plena. Cada passo dado em minha vida me convence ainda mais que a paz de espírito é que é essencial para atingir tal plenitude. E essa paz pode ser encontrada tanto em uma metrópole como em uma cidadezinha interiorana. 

Tenho um amigo que acompanha a minha jornada há algum tempo. Esses dias ele me disse que estou mudada. Mais centrada, mais serena. Eu respondi que finalmente entendi o papel e a importância da prática da simplicidade em minha vida. Através do desapego, tenho tentado incorporar tal princípio ao meu viver. Tendo consciência, porém, dos meus privilégios. É mais fácil querer ser simples quando se tem uma vida tão confortável. Em outras palavras, ser simples sai caro, e é digno admitir isso. 

Eu sei que não parece, mas eu sou uma pessoa espiritualizada. Busco, através da prática da meditação, estabelecer um elo com o meu Eu superior. E tal elo tem me ajudado a controlar meu ego. A vontade de ~ter~ vai se esvaindo, dando lugar ao ~ser~, um ser que precisa evoluir e ainda tem um longo caminho de aprendizagem pela frente. 

Guardo boas e más lembranças de todos os lugares em que vivi, incluindo na conta o lugar em que nasci e fui criada. Não tenho pudores em apontar problemas e em denunciar aquilo que acredito injusto, em cada um desses lugares. 

A minha experiência nos EUA foi muito intensa. No bom e no mal sentido. Por mais de um ano, não consegui escrever uma linha sequer para este blog. Não sei como será daqui por diante. Pode ser que eu demore mais um ano e meio para atualizar esse cantinho. A gente nunca sabe. 

O que eu sei é que não faço pouco caso de lugar nenhum em que vivi. Cada um com as suas peculiaridades, e cheinhos de defeitos. Faz um mês que estou na Irlanda e já me encontro escandalizada com muitas questões envolvendo direitos das mulheres que acontecem por aqui. Mas também estou apaixonada pelo lugar. 

Problemas? Tenho aos montes. Não passo o tempo inteiro entoando mantras e contemplando a magnitude do universo. Acho que, mais do que me alienar e me deixar em órbita, a meditação tem me ajudado a manter os pés firmes no chão e a cabeça em pé para lutar por aquilo que acredito. Ainda que aos poucos, e de forma sutil e espaçada. 

É isso. Quando me mudei para a Índia, muitxs sentiram pena de mim. Quando anunciei que estava nos EUA, muitxs respiraram aliviados por mim. Agora que estou na Irlanda, muitxs duvidam que vou conseguir me adaptar à paisagem bucólica que me rodeia. Ou ao clima. Ou ao povo, ou à comida, e a lista é imensa. Eu, a meu turno, não digo que sim, nem que não. Apenas vivo, um dia após o outro, inspirando o momento e expirando gratidão. Essa sou eu, aos 33 anos. Ou, como diriam as amigas do meu face, é isso aí que tem pra hoje. 

Peguei essa imagem na page Mind Unleashed, do face

Thursday, May 17, 2012

Relato de uma despedida

    Eu não me lembro muito bem como foi aquele dia inteiro, mas tenho bem viva a memória daquela tarde primaveril de Bangalore. Como de costume, peguei um ônibus rumo ao meu trabalho. Meio que por querer, eu sempre perdia a condução da empresa. Sou frágil demais para aguentar um ônibus sem suspensão pneumática. Então o jeito era gastar um pouco mais e ir de Volvo.
No caminho para o trabalho, eu geralmente parava em um shopping, o Bangalore Central. Lá eu tomava um lanche, que variava entre uma masala dosa ou uma samosa chaat ou então os deliciosos momos chineses recheados com vegetais. Seguia dali a minha viagem, que demorava aproximadamente 40 minutos até o meu destino final, o escritório.
Aquele dia, pra mim, foi especial. As árvores estavam mais lindas do que nunca, exibindo orgulhosas suas flores que lembram ipês cor-de-rosa (ninguém soube me dar o nome exato daquelas flores, invisibilizadas por uma rotina cruel para a grande maioria dos indianos). O clima estava agradável, como é de praxe em Bangalore. Fiquei ali olhando pela janela, contemplando a beleza daquelas árvores e especulando quando eu as veria novamente.
Sim, aquele dia foi especial porque era o meu último dia de trabalho. E um dos meus últimos em Bangalore. Saber que eu estava por deixar aquela cidade que, quatro anos atrás, me acolhera tão carinhosamente - ao mesmo tempo em que me mostrara o quão brutal a realidade pode ser - causou em mim um misto de sentimentos.  
Chegando ao meu trabalho, a longa caminhada. Seis minutos que pareceram sessenta, quão imensa foi a duração daquela caminhada. Eu estava ansiosa, oscilando entre a alegria e o medo. Fui contando a minha respiração, prestando atenção nos intervalos entre o ar que entrava e o que saía e andando devagarzinho. Era isso mesmo? Eu estava me preparando para outra imigração? Dessa vez para um lugar que eu nunca havia pisado na minha vida?
Antes de entrar para o escritório, sentei num parque que fica bem ali pertinho e fiquei contemplando o pôr-do-sol. Naquele dia, eu encontraria a minha casa vazia ao retornar. Meus móveis haviam sido vendidos. Meu marido tinha ficado por conta de ajudar o rapaz que os comprara a fazer a mudança. Isso tudo enquanto eu estivesse fora.
Quando o céu já estava perdendo o tom rosado, criei forças e entrei. Todos me olhavam com um misto de alegria e a peculiar melancolia que é tão cara às despedidas. Assinei uma pilha de papéis. Devolvi meu token que dava acesso à papelada virtual dos clientes. Devolvi meu crachá. Não demorou muito e já era a hora da janta. Fui com várixs colegas ao primeiro andar, onde fica a cafeteria. Coloquei a comida no bandejão, sentei e em meio a conversas sobre amenidades diversas, fiquei olhando para os cantos do local. Geralmente, éramos brindadxs com a presença de alguns ratinhos. A presença deles era tão constante que ninguém sequer notava. Eu notava. Era assustador perceber como a máxima do cada um na sua incluía até os ratos, ali naquele pedaço da Índia.   
E assim foi o meu último dia de trabalho. Absorta em pensamentos e divagações fortuitas, sendo quase engolida por uma inefável sensação de incerteza. Não demorou muito e minha amiga veio me ver. Eu a apelido internamente de Mumtaz, tamanha a beleza da guria. Ela me escolheu para ser sua amiga. E me mostrou o quanto eu precisava desmistificar toda uma idéia, pesada e imposta por um ocidente sedento por marginalizar os outros, que eu tinha das muçulmanas.  Ali nos parques daquele centro tecnológico, nós duas rimos, caminhamos, choramos e compartilhamos praticamente todas as nossas experiências. É incrível perceber que o apoio, muitas vezes, vem daquelas pessoas que parecem as mais improváveis. E é igualmente incrível perceber quão universais alguns questionamentos humanos são.
Enfim, chegou a hora de partir. A Mumtaz me deu um abraço e naquele abraço, choramos. Você é a irmã que eu nunca tive, ela disse. E me aconselhou a relaxar, coisa que, naquele momento e por meses no porvir, eu não conseguiria fazer. Foi particularmente doído me separar dela. Porém, me senti satisfeita por ter aprendido tanto. E doado tanto. E por perceber que ali, diante de mim, eu não tinha uma pessoa frágil e sim alguém que vai enfrentar a vida com muita valentia.
Segui meu caminho de volta, dessa vez no ônibus da empresa. Chorei durante o trajeto. Cheguei em casa e, antes de subir ao sétimo andar em que eu morava, enxuguei o rosto. Queria parecer feliz para o Senthil. Entrei no apartamento e lá estava ele, sentado no chão, na sala vazia. O local parecia imenso. Ao invés de aproveitar o espaço, eu o entulhei de coisas, foi o que pensei. Coisas, coisas, coisas. Só ao mudar percebemos a nossa inquebrantável capacidade de juntar objetos inúteis.
Ali, naquele apartamento vazio, nos abraçamos. Estava iniciada uma nova fase da minha vida. Uma fase cheia de dúvidas, incertezas, mas com laços de esperança renovados. Chorei. Ele enxugava minhas lágrimas e, na ânsia de me consolar perguntava mas não era isso que você queria? Pensei nos quase quatro anos atrás, na exata ocasião em que deixei meu amado Brasil. E só pude responder uma coisa: querer, meu querido, também dói.  



Sunday, January 29, 2012

A "israelense" e a habilitação indiana






Dando um tempo na minha usual apatia para contar um causo pra vocês: eu tirando a carteira de habilitação na Índia.

Depois de três anos vivendo aqui, eu resolvi enfrentar o medo do trânsito e procurei uma auto-escola. Antes de comprar qualquer veículo, seria melhor verificar se eu realmente daria conta de dirigir aqui, foi o que pensei. E lá fui eu, me matricular na auto-escola, que por acaso fica ao lado do prédio em que moro.

O instrutor era muito gente fina, conversava bastante e tentava me fazer o mais confortável possível. Ele, assim como todos da auto-escola, simplesmente não entenderam, de jeito nenhum, que eu sou brasileira. Encafifaram que eu sou israelense. O que me deixava intrigada, já que, pelo meu parco conhecimento, não tenho a menor cara de israelense. As conversas eram sempre assim:

- Madame, Israel é bem mais organizado que a Índia né?
- Ah, deve ser. Eu não conheço Israel. Eu sou do Brasil. Brasileira.
- Ohhhh.

Na outra aula:

- Madame, em Israel tem muito motoqueiro?
- Eu não sei! Não sou israelense! Sou do Brasil! Brasil, América do Sul, futebol, Ronaldo, sabe o Ronaldo?
- Ahhh, Ronaldo, sei sim! Que legal! Mas então, ouvi dizer que em Israel não tem muita moto...
(eu quase batia a cabeça contra o volante, tentava ignorar a pergunta, respirava fundo e continuava a dirigir)

Fora essa questão estranha de "madame, lá em Israel...", as aulas eram mais ou menos assim:

- Madame, olha a vaca!

(...)

- Madame, olha o homem!

(...)

- Madame, olha o buraco!

(...)

- Madame, por que parou o carro?
- Ué, praquela família ali passar, oras!
- Não, madame, aqui não é Israel (????)
- Comassim???
- Madame, aqui a gente buzina e vai. Quem tiver passando que espere. Não dá pra esperar não (gargalhadas)

Assim eu fui, timidamente, aprendendo a usar a buzina. Ele elogiava e, obviamente, ria de mim: tem que usar essa buzina mais e apertar mais forte!

- A madame dirige bem.
- Ah, é?
- É sim. Eu só não gosto da forma como você para o carro em inclinações.
(putz, eu super me orgulhava da minha rampa, mas tudo bem)
- Ué, mas por quê?
- É que se a madame continuar fazendo assim, vai reprovar no teste. Tem que ficar com o pé no freio.
- Hummmm.

Ele continuou:

- Então, se a senhora não ficar com o pé no freio o tempo todo, o carro vai voltar.
- Escuta aqui, você já me viu deixando esse carro voltar?
- Não, madame, mas na prova você vai deixar (risos)

Daí que ele pegou tanto no meu pé que eu acostumei a ficar com o pé no freio direto, usando inclusive o freio de mão. Quero ver a confusão quando eu precisar dirigir de novo no Brasil =D

A prova teórica se deu sem muitas emoções. Fora a bagunça de ficar horas numa fila vendo as pessoas sendo aprovadas ou reprovadas numa prova oral em que todo mundo via quais questões estavam sendo perguntadas, foi tudo tranquilo.

Legal mesmo foi a prova prática =D

Foi assim: juntaram a galera de umas quatro auto-escolas em uma rua não muito movimentada perto da minha casa. Um senhor de uniforme militar, bigodão e voz autoritária chegou gritando:

- Quem for fazer prova de carro fica lá atrás! Motos, façam uma fila aqui! Agora!

E a galera fez uma fila de motos. O esquema era mais ou menos assim: pega sua moto, segue em linha reta, vira à direita e dê a volta no quarteirão. Se chegar de volta ao ponto inicial de pé e com tudo em cima, você aprova. E acreditem, tinha gente que, por nervosismo ou sei lá o quê, deixava a moto apagar na linha reta mesmo. Esses, obviamente, reprovavam.

Até que chegou a vez dos carros. Eu fui a primeira a ser testada. Naquela altura, todos já me conheciam como a "gringa israelense que estava tentando tirar a carta". Dessa vez quem me acompanhou foi o dono da escola, e não o professor. Minutos antes do teste ele veio correndo até mim, esbaforido, dizendo assim: madame, não conta que você é de Israel não, ok? Só se ele insistir em saber. Vamos tentar fazer a prova como indiana mesmo, pra ser mais fácil de passar.

Porém, quando chegou minha hora, a notícia já tinha se espalhado. O bigodão sentou no banco de trás e pediu meus documentos.

Olhei pro dono da auto-escola, que estava ao meu lado e perguntei "todos os documentos?", ao que ele disse "ok, dê todos os documentos". O bigodão logo interveio:

- Sim madame, me passa o seu passaporte, já fiquei sabendo que você é estrangeira. De onde é a madame?
- Sou do Brasil.
- Brasil? Que legal! E está fazendo o quê aqui na Índia, madame?
- Eu casei com um indiano.
- Hum, interessante. Que lugar você prefere, o Brasil ou a Índia?

Que lugar você prefere? Nesses três anos e pouco, perdi as contas das vezes em que ouvi essa pergunta. E acreditem, quando eu digo a coisa mais óbvia, que é a de que as pessoas geralmente preferem a terra natal, a reação não é nada agradável. Então, eu me limito a dar um sorriso de Monalisa e dizer: Ahhh, eu amo a Índia! Daí eles entendem que eu prefiro a Índia e se tornam extremamente mais amáveis comigo. E foi assim com o bigodão, que deu início à prova:

- Dê marcha a ré e entre na rua à esquerda.

Fiz.

- Bom. Agora estacione ali (me mostrou o lugar, sem nenhuma marcação ou nenhum impedimento, tipo, sem nenhum carro estacionado).

Fiz.

- Agora dê a volta no quarteirão.

Fiz.

- Pare naquela inclinação ali.

Fiz, com o recurso do freio de mão, obviamente.

- A madame já dirigia antes, né?
- Já sim, só que do lado esquerdo.
- Muito bem, foi aprovada. Boa sorte (esboçou um sorriso, pois nessas horas ele já estava simpático comigo). 

Depois disso, fui ao Departamento de Trânsito de Karnataka, onde me fizeram assinar milhões de papéis e pronto, habilitada!

Espero que tenham gostado desse causo. Aproveitando que resolvi driblar um pouco a preguiça de escrever, quero desejar a tod@s que porventura leiam este blog um ano novo de muita saúde, paz, menos preconceitos e muitas realizações!

Até!



Wednesday, September 7, 2011

Cuidando do meu cabelo crespo



Resolvi dar meu testemunho de fé com relação aos cuidados que tenho com meu cabelo. Não sem antes dar uma filosofada, óbvio, que ninguém é de ferro. 

Vamulá: eu comecei a alisar os cabelos aos seis anos de idade. Eu sofria bullyings constantes na escola e implorava para que a minha mãe "desse um jeito" na cabeleira. Resumindo, eu odiava meu cabelo com todas as forças, porque queria ser aceita e na escola o máximo de aceitação que eu experienciava era a professora pegar todos os meus materiais (oh, gentileza!) e colocá-los na última carteira (senta lá, Flávia!), pois meu cabelo estava "atrapalhando" a vista do guri que sentava atrás de mim. 

Daí que eu comecei com uma touca de gesso química (com um alisante à base de soda), e desde então sucederam-se inúmeras tentativas de domar a juba com muitos, muitos produtos fortes. E devo confessar que minha mãe gastou uma fortuna comigo para tentar sanar essa insatisfação eterna que eu sentia com meu cabelo. 

E nessa minha jornada de alisar cabelo, eu já ouvi de tudo. Mas vou poupá-las, porém, dos bullyings que sofri, senão não cabe no post =D

Assim fui vivendo até descobrir, já adulta, que na verdade eu não gostava tanto assim de cabelo alisado. Eu ficava feliz e panz, balançava o cabelo sedoso mas... parece que faltava algo. Sério, eu me olhava no espelho, namorava comigo mesma, mas ficava sempre aquela sensação de que aquilo ali não era eu. 

Bom, esse algo que me faltava era a identidade. Porque eu me sentia uma caricatura de uma mulher branca, nada além disso. Tanto que quando tive contato com a teoria do "tornar-se negro", a identificação foi mais que imediata.

Enfim. Demorou um tanto até eu decidir deixar o cabelo natural, e essa demora tem, entre outros, alguns motivos práticos. Eu não aguentava deixar a raiz crescer e não suportava a idéia de uma mudança radical, ou seja, cortar curto. E assim eu seguia, ficando às vezes até uns 8 meses sem fazer retoque de raiz, mas sempre surgia um bad hair day que era pior que os outros bad hair days e me fazia correr para o salão pra alisar o cabelo novamente. 

E eu não vou negar nem mentir pra ninguém: alisar a raiz é prático. Você acorda praticamente pronta pra tudo, não precisa gastar tempo tentando dar um jeito/disfarçar aquela raiz imeeeensa que tem uma textura totalmente diferente do resto do seu cabelo que já sofreu alisamento. Mas que graça tem toda essa praticidade se aquilo ali não é o que você quer, assim, de verdade?

Foi aí que me veio a peripécia: conheci, através da amiga Deb, o método da Curly Girl, criado pela americana Lorraine Massey e que faz muito sucesso entre as americanas. Já senti que a coisa ia dar certo quando bati o olho na chamada feita no wikihow:

Você sofre com seu cabelo cacheado que está seco, danificado, cheio de frizz e incontrolável? Você está aberta para tentar algo novo? O método Curly Girl (também conhecido como "no-poo") é baseado no livro "Curly Girl" da Lorraine Massey. O apelido "no-poo" faz alusão ao não uso de shampoo de sulfato, porque os sulfatos tendem a despir o cabelo de seus óleos naturais. Assim que você tira os sulfatos, o seu cabelo poderá reter a sua umidade natural. 

Eu já havia tentado de tudo nessa minha vida, mas essa história de ficar sem shampoo eu ainda não tinha ouvido, não. O método consiste, basicamente, em retirar o shampoo e evitar produtos que contenham silicone no seu cabelo (incluindo o famoso óleo mineral). 

Explicando a questão do shampoo: a maioria dos shampoos contém sulfatos fortes que danificam muito os cabelos crespos (tais como: ammonium laureth sulfate, ammonium lauryl sulfate, sodium laureth sulfate, sodium lauryl sulfate, etc). É interessante notar que, independente da quantidade, esses são elementos químicos utilizados em detergentes de lavar louças, e você jogar um elemento desses no seu cabelo que já tem a tendência para ressecar absurdamente seria problema na certa, não? 

Agora, com relação aos silicones: a curto prazo, eles combatem bem o frizz, mas ao longo do tempo eles vão acabar encapando tanto o cabelo que nenhuma umidade entra neles, o que vai dar a aparência de palha seca, sem contar o frizz que fica. 

Dessa forma, os silicones resolvem a questão do frizz de forma imediata, mas a longo prazo eles estão é danificando os fios. E os sulfatos lavam os silicones, mas lavam também toda a oleosidade natural, o que acaba sendo ruim pro seu cabelo.Daí você entra naquele círculo vicioso sem-fim: cada vez buscando um condicionador mais potente porque o anterior parece não resolver mais nada, pois o cabelo parece que cansa. 

Diante disso tudo, eu fiquei na dúvida: como proceder? Resolvi que o primeiro passo seria o mais difícil pra mim. Fazer o BC, abreviação para Big Chop (algo como o Grande Corte em português). Deixei a raiz crescer até um tamanho razoável (pra não ficar joãozinho de tudo) e encarei a tesoura. Foi um misto de sentimentos, mas eu garanto pra vocês que a sensação de liberdade e curiosidade de ver como meu cabelo natural era na real falaram mais alto. Saí quase aos pulos do salão. 

Então eu tentei ficar sem usar shampoo e silicone, e confesso que consegui por três semanas. Fiz a lavagem profunda como elas sugerem, com um shampoo de limpeza profunda, e mijoguei no método: lavar o cabelo só com o condicionador, esfregando bem no couro cabeludo e depois repetindo a dose ao longo dos fios . Não deu certo, porque eu realmente não aguentei ficar sem shampoo. 

Porém, confesso que nessas três semanas em que eu fazia só o co-washing (a tal da lavagem só com condicionador), a textura do meu cabelo melhorou. Os fios ficaram mais brilhantes e maleáveis. Mas eu sentia a necessidade de lavar com mais frequência e o que é pior, não ficava com aquela sensação de limpeza no coco que só o shampoo dá. 

Fui ao salão de beleza e comprei um shampoo desses bons que custam uma fortuna e vêm com a promessa de hidratação em sua composição. Meu cabelo o que fez? Entrou em pânico, tadinho. Não ficava como eu queria de jeito nenhum, e olha que eu estava com o cabelo bem curto. Ficava duro, e aquela impressão de hidratação boa, com textura de flocos de algodão, tinha ido para o brejo. 

Foi aí que eu resolvi diluir o shampoo e reduzir seu uso. Se antes eu lavava a cabeça com shampoo a cada três dias, eu passei a lavar a cada sete. E entre uma lavagem e outra eu passei a fazer o co-washing. E não é de ver que tem dado certo? Sem contar que eu nunca mais usei o shampoo sem estar diluído, não importa quão suave e caríssimo ele seja. 

E eu não consegui me libertar totalmente dos silicones. Simplesmente tem dias que você precisa modelar seu cabelo de um jeito ou de outro, e nessa hora as pomadas estão aí pra isso mesmo. Também não vou ser xiita. Mas que dá pra diminuir, isso dá. 

Bom, esse post já ficou grande demais, então vou continuar falando disso em outra feita. Pra quem quiser tentar o método, eu super-indico. Pra quem não consegue viver sem shampoo de tudo como eu, o que eu recomendo é a diluição. Tipo, uma parte de shampoo para dez de água, algo assim. Experimentar coisas novas no cabelo é sempre bom, e pra quem já fez muita química eu tenho certeza que esse método é café pequeno. 

Passo-a-passo (em inglês) para seguir o método Curly Girl aqui. Um site ótimo com muitas dicas de beleza para cabelos naturais aqui (em inglês também). Vários vídeos legais (inglês again) e que dão inspiração para cortar o cabelo curtinho aqui

Sunday, September 4, 2011

Pequena reflexão

Aconteceu lá no escritório e eu achei fofo. Que eles não celebraram os aniversários do mês em julho porque eu não estava presente. Que reuniram todos e celebraram os aniversários de julho e agosto conjuntamente. Com direito a bolo e lembrancinha. Uma coisa tão singela mas, ainda assim, tão importante e carregada de significados na vida dessa trintenária que vos fala.  Tô feliz, hein.

Eu não morro de amores pelo meu novo trampo, não. Porém seria injusto da minha parte não reconhecer que estou em um local de trabalho bem mais digno que o anterior. Sim, eu sou daquelas que ficam de mimimi por não superar certos incidentes. E se há algo positivo em não esquecer, eu diria que é justamente o fato de se lembrar de turbulências passadas que me dá coragem de continuar. Eu não carrego os problemas que tive como um troféu. Mas devo confessar que esquecê-los seria dar vazão a uma falsa sensação de ineditismo frente a "novas" questões, que muitas vezes se repetem, ou então são bem menores que os desafios de outros canaviais.

Divago e tenho consciência que meu divagar pode gerar nas pessoas uma sensação de "vejam como ela é amarga". No entanto, é justamente nesses momentos de auto-reflexão que eu percebo que o que eu sinto mesmo, de verdade, é gratidão. Tô feliz, hein.



Saturday, September 3, 2011

A vida (?) na área de TI

Daí te apresentam a uma série que narra a sua vida profissional nos últimos três anos com alta fidedignidade. Tudo parece extremamente fiel à realidade que você vive, incluindo seu processo seletivo. Daí o que me veio à cabeça? Que eu precisava compartilhar com vocês, oras! Obrigada, amiga Deb, por me apresentar ao meu mais novo vício =D

Pra quem, assim como eu, não conhecia a série (que já acabou, humpf!) leia mais aqui




Caso não consiga ver o vídeo acima, você pode assisti-lo aqui.

Bom fim de semana, galere =D =D =D

Thursday, September 1, 2011

Feliz Ganesh Chaturthi!

E hoje é dia de Ganesh Chaturthi, festival indiano que celebra o aniversário de Ganesha, o deus hindu mais fofinho que eu já vi. 

Os hindus acreditam que Ganesha traz prosperidade, então toda casa de hindus que eu conheço tem um elefantinho no altar. Talvez seja exatamente a isso que a idéia de ter qualquer elefante em casa remeta ;-)

Agora, falando do festival em si, é um evento que me agrada. A origem do mesmo não é certa, mas a sua popularização por toda a Índia tem um nome: Lokmanya Tilak, um ativista social que participou do movimento de independência indiana. Em um tempo em que o acesso a templos era ultra-restrito, ele viu no festival a possibilidade de unir brâmanes e não-brâmanes em uma festividade que levava Ganesha pra todo mundo, no melhor estilo 'se você não pode entrar no templo, seus problemas acabaram, porque o deus vai até você!'

E este acaba sendo um evento que envolve todas as religiões, pois é comum que pessoas de outras denominações participem das festividades, que contam com procissões, distribuição de doces, visitas às casas, etc. Sem contar que o evento foi primordial para manter a unidade dos indianos durante o período colonial.

Trata-se de um festival que polui muito, pois acredita-se que as estátuas devam ser jogadas em água corrente ao final do período de celebrações. Assim, várias ongs, juntamente com o governo, têm empenhado-se no sentido de incentivar a população a não jogar as estátuas fora, ou então a imergi-las em tanques dentro de casa mesmo, sem que isso seja feito em rios e lagos.

E nessas horas em que a consciência ecológica vem tomando forma, vale muito a criatividade, como a do artista que resolveu criar um Ganesha imenso feito de copos de papel:



Bom, é isso, galera. O festival inicia-se hoje e tem a duração de cerca de 10 dias. Eu estava toda faceira jurando que ia ganhar feriado hoje, mas não rolou. Pelo menos rolou de fazer um post, porque trabalho por aqui, hoje, não tem not  =D