Apenas esclarecendo que: eu não tenho fixação pela idéia de progresso. Não sou particularmente afeita a modernidades. Não preciso viver em uma área extremamente urbana para ser feliz. Não me importo com essa idéia de conforto bastante difundida que prega que infraestrutura, luzes e design futuristas são essenciais para uma vida plena. Cada passo dado em minha vida me convence ainda mais que a paz de espírito é que é essencial para atingir tal plenitude. E essa paz pode ser encontrada tanto em uma metrópole como em uma cidadezinha interiorana.
Tenho um amigo que acompanha a minha jornada há algum tempo. Esses dias ele me disse que estou mudada. Mais centrada, mais serena. Eu respondi que finalmente entendi o papel e a importância da prática da simplicidade em minha vida. Através do desapego, tenho tentado incorporar tal princípio ao meu viver. Tendo consciência, porém, dos meus privilégios. É mais fácil querer ser simples quando se tem uma vida tão confortável. Em outras palavras, ser simples sai caro, e é digno admitir isso.
Eu sei que não parece, mas eu sou uma pessoa espiritualizada. Busco, através da prática da meditação, estabelecer um elo com o meu Eu superior. E tal elo tem me ajudado a controlar meu ego. A vontade de ~ter~ vai se esvaindo, dando lugar ao ~ser~, um ser que precisa evoluir e ainda tem um longo caminho de aprendizagem pela frente.
Guardo boas e más lembranças de todos os lugares em que vivi, incluindo na conta o lugar em que nasci e fui criada. Não tenho pudores em apontar problemas e em denunciar aquilo que acredito injusto, em cada um desses lugares.
A minha experiência nos EUA foi muito intensa. No bom e no mal sentido. Por mais de um ano, não consegui escrever uma linha sequer para este blog. Não sei como será daqui por diante. Pode ser que eu demore mais um ano e meio para atualizar esse cantinho. A gente nunca sabe.
O que eu sei é que não faço pouco caso de lugar nenhum em que vivi. Cada um com as suas peculiaridades, e cheinhos de defeitos. Faz um mês que estou na Irlanda e já me encontro escandalizada com muitas questões envolvendo direitos das mulheres que acontecem por aqui. Mas também estou apaixonada pelo lugar.
Problemas? Tenho aos montes. Não passo o tempo inteiro entoando mantras e contemplando a magnitude do universo. Acho que, mais do que me alienar e me deixar em órbita, a meditação tem me ajudado a manter os pés firmes no chão e a cabeça em pé para lutar por aquilo que acredito. Ainda que aos poucos, e de forma sutil e espaçada.
É isso. Quando me mudei para a Índia, muitxs sentiram pena de mim. Quando anunciei que estava nos EUA, muitxs respiraram aliviados por mim. Agora que estou na Irlanda, muitxs duvidam que vou conseguir me adaptar à paisagem bucólica que me rodeia. Ou ao clima. Ou ao povo, ou à comida, e a lista é imensa. Eu, a meu turno, não digo que sim, nem que não. Apenas vivo, um dia após o outro, inspirando o momento e expirando gratidão. Essa sou eu, aos 33 anos. Ou, como diriam as amigas do meu face, é isso aí que tem pra hoje.
Peguei essa imagem na page Mind Unleashed, do face |